O viajante

Eu a fiz subir no meu carro e quis que encarasse comigo a estrada. Fazendo você sonhar os meus sonhos e querendo sonhar os teus. Querendo que você admirasse cada momento lá fora e percebesse que aqui dentro, comigo, você está segura. Que você memorizasse as paisagens perfeitas, os nossos sorrisos bobos, as nossas conversas sem nexo e que guardasse isso tudo no seu coração. Que você pegasse a máquina fotográfica e registrasse cada instante. Cada olhar atencioso meu, cada malícia sua, cada carinho trocado, cada posição sua com seus lindos cabelos voando ao vento (Ah! Como você é linda!). Sinceramente, queria que você deixasse o seu medo antes de ter entrado. Que ele caísse do seu bolso sem que notasse. E que aproveitasse a estrada, a minha companhia e todo esse sentimento que preenche o meu carro. Por que assim, você iria notar que eu coloquei a minha vida nas suas mãos, que eu estou trilhando o nosso caminho, que eu estou compartilhando meus sonhos mais íntimos e querendo fazer parte dos seus, que fiz de você o meu mundo! Mas ai, você faz questão de tornar isso sem graça e tem a capacidade que me fazer repensar... Dizendo que não confia no meu volante, sentindo-se insegura quanto ao lugar que você conquistou no meu carro. Fazendo meus planos irem com o vento e minhas expectativas serem jogadas na estrada. Eu só queria que você notasse que é com você, ao meu lado, que eu quero rodar esse mundão. Mas ai vem você e apaga o efeito dessa magia...

Cara amada,
Quando leres essa carta, já estarei longe pegando o primeiro rumo que couber em meus planos. Sei que será doloroso está separação tão repentina. E sei que estou me arriscando em deixar nossa atmosfera. Nosso planeta tão protegido, que por muito construímos e fortalecemos na intenção de haver espaço apenas para nós dois. Quero que saiba que não estou jogando nossos dias no lixo nem tampouco nossas memórias no esquecimento. Mas percebi que tudo que estávamos vivendo era uma fraude e por isso, estou em busca da minha descoberta. Das minhas limitações. Dos meus anseios. Talvez um dia eu volte para seus braços. Ou talvez, quando eu voltar você não esteja me esperando na varanda de casa. Mas eu tenho que arriscar. Eu quero arriscar. Quero andar por ai sem medo do que vou encontrar na próxima avenida movimentada ou no próximo semáforo. Quero correr o perigo de me perder. Quero sentir o gosto de cometer loucuras em nome de sentimentos, pessoas, sonhos ou o que mais tiver. Quero correr sem parar e sentir o vento no meu rosto, e viajar com minha imaginação. Quero ver aquele pôr-do-sol e relembrar de tudo o que eu já fiz e dá boas gargalhadas. Eu quero um tanto de coisas que você não pode me dá. E por isso estou a lhe escrever, porque talvez se estivéssemos cara a cara eu teria sido covarde mais uma vez e me rendido a suas propostas. Eu não quero me acostumar com você. Eu quero te conquistar para sermos um casal perfeito. Mas quero fazer isso da forma mais digna! Não quero te presentear me doando a ti, quero que eu seja recompensado ganhando você. Quero aprender com a vida o seu valor. Quero dá um ar de seriedade a minhas loucuras. Quero construir o homem que sonho ser e dá a ele uma aparência de maturidade. Tudo isso com você ao meu lado!
Quero viver, e viver sem nada que me limite ou me prenda. Quero sentir da medida certa tudo o que eu puder. Quero saciar a minha sede e minha fome da vida. Eu quero... Quero tanto, que te deixei.
Talvez você me odeie, SEGURANÇA, por ouvir a minha voz ao invés da sua. Por verbalizar meu ser com minhas palavras. Eu só quero me sentir merecedor de ti. Quero sentir que andei, corri, cai, me machuquei, me levantei e posso continuar. Eu quero lhe conquistar. E sei que um dia vencerei e terei você. Eu sei...

Eu quero tornar as palavras simples e encontrar o poema certo. Eu quero por pra fora esse sentimento que vai além do meu coração acelerado. Mas meu amor por você não se traduz em palavras nem se limita a conceitos. É o tocar de pele, enrroscar dos lábios, o abraço apertado e o carinho trocado. Talvez a forma mais fácil é dizer : eu te amo. E a forma mais verdadeira é fazer você sentir o "eu te amo"!

"Porque preferimos levar socos e ponta pés da vida, se aprendemos a perdoar e sabemos o caminho para isso?"

Aquele vídeo me trouxe tantas lembranças. Acordou tantos sentimentos que, com o passar do tempo, eu acalmei. Fez-me retornar a todos aqueles fatos e sentir, como antes, as mesmas emoções. Eu pude sentir a tristeza furando a fila e sendo extraída em forma gotas pelos meus olhos. Mas, também, pude saborear a alegria na minha boca. E apesar do peito está apertado e a garganta seca, foi bom relembrar. Ter a certeza que ainda guardo tudo dentro da minha memória, e com uma grande riqueza de detalhes. Saber que elas ainda me conduzem, que me fazem viajar. Sentir que elas vibram em mim, que elas navegam entre meus pensamentos e me fazem velejar ao encontro daqueles dias. E isso me relaxa. Porque são delas que eu tiro a força necessária para sorrir!

Apenas um corpo estendido,
um monte de células mortificadas pela realidade.
Nada mais que um impecílio no meu intinerário.
Um conjunto de sonhos silenciado
ou talvez, o silêncio agonizante da última euforia.
O último reflexo da sua imagem.
Apenas mais uma idéia dissolvida no esquecimento
ou talvez, o último passo da caminhada.
Uma união de lágrimas que não cai mais.
Nada mais que um amultuado de histórias que jão não serão esquecidas.
E até mesmo um brusco ponto final da história.
Apenas um corpo estendido...
Mas tudo isso muda de dimensão
quando és aquilo que olhas.

"Utilize vírgulas, exclamações e interrogações. Escreva, da melhor forma, a sua história nas páginas do destino!"

Podem dizer que sou chato, arrogante e grosseiro. Que ando com o nariz batendo nas nuvens e atiro, com meu olhar, estilhaços de críticas. Que sou cabeça dura a ponto de dar ouvido apenas ao meu próprio juiz. Que acabo por perder muitos momentos de desabafo por medo de me sentir vulnerável. Que meu orgulho é meu guia. Ou que construo um muro dividindo o meu mundo com a realidade, sendo muitas vezes uma pessoa monossílaba. Podem dizer que sou um playboy, prepotente e frio. Que não me permito ser livre ao que sinto. Que muitas vezes firo quem eu mais gosto com palavras curtas e pesadas. Que eu sou um idiota ou talvez um bobo. Podem dizer o que quiser. Podem construir o meu esboço, porque a minha imagem sou eu que construo!
Eu confesso que muitas vezes sou chato e utilizo os artifícios da arrogância. Que muitas vezes sou agressivo e abuso da ignorância e da ironia para enfrentar certas situações. Que não vou pela cabeça de ninguém, afinal a minha mente é meu guia. Que já magoei muita gente com palavras que poderiam ser amenizadas. Que eu mudo de humor fácil, e muitas vezes não consigo disfarçar. Que às vezes sou um cara de poucas palavras e outras vezes estou tagarelando as maiores besteiras. Que por muito tempo me reservei por medo de me sentir fraco. Confesso que já deixei meu orgulho comandar meus passos. Que já permitir o meu egoísmo afastar pessoas da minha vida. Que às vezes eu tento agir da maneira certa e acabo errando. Que às vezes engulo a lágrima e deixo transparecer um sorriso, para se sentir forte. Mas confesso também que, como qualquer outro ser humano, eu procuro sempre melhorar. Procuro sempre ser mutável a partir dos aprendizados que permitir a vida me ensinar. Buscando sempre a elevação do espírito...
E eu posso sim ser chato, grosseiro ou sei lá mais o quê pensam sobre mim. Mas esse sou eu. E me orgulho disso!

Diante o meu reflexo, eu posso ver as cicatrizes das minhas antigas batalhas. Das lutas intensas pela minha vitória. Do ato exaustivo de me manter em pé. Da busca incessante pela minha paz de espírito e das realizações frustradas dos meus desejos.
Diante o meu reflexo, eu posso ver as rugas da maturidade. A perda da meninice com as conseqüências do crescimento. As experiências acumuladas das tramas que compõe a minha história. O desvendar dos olhos para a realidade do mundo.
Diante o meu reflexo, eu posso ver também o meu sorriso estampado. A satisfação de possuir vitórias na minha estante. A gratidão com as dádivas posta em minha vida, a partir dos meus atos. O prazer de saber que eu também faço escolhas certas; de colher bons frutos da plantação. E a consciência de que ele sempre estará no meu rosto, mesmo que eu o perca pelas minhas rugas ou pelas minhas cicatrizes. Ele estará no meu rosto e será encontrado, sempre!