O viajante

Tudo dependia de nós. Apenas eu e você, nada mais. Nada de terceiros ou quartos. E podiam falar o que falassem, tudo se resumia em nós. Porque todos poderiam falar. Todos poderiam azarar. Todos poderiam dificultar. Mas quem fazia andar era eu e você. E o que aconteceu? Esquecemos disso. Esquecemos que detínhamos do poder e das decisões. Esquecemos que um dia eu e você fomos nós...

Jornais sujos de sangue. Cotidiano saturado de soberba. Meses e anos frustrantes. Desejos arrogantes. Almas individualistas. Corações vazios a procura de preenchimento. Indivíduos cansados, estressados e sozinhos. E eu me pergunto: que mundo é esse? Nada de resposta com ciência, ceptismo ou religião. Qual a é a sua? Não quero polêmicas, holofotes e manifestações. Mas é um tanto quanto contraditória toda essa ideologia dos dias atuais, não acha? A distância praticamente não existe. A ciência é praticamente milagrosa. O dinheiro praticamente nos torna felizes. A tecnologia é praticamente nossa vida. A vida é praticamente perfeita. Mas existe o individualismo que praticamente impede de amar o próximo. Existe a luxúria que praticamente nos impede de sermos simples e humildes. Existe o desenvolvimento que praticamente impede o meio ambiente. Existe a competição que nos impede de sermos praticamente gentis e caridosos. Existe o egocentrismo, a futilidade e a corrupção que praticamente nos impede de termos conteúdos. Existe a tendência e a moda e que praticamente nos impede de sermos nós mesmos. Existe o desemprego, a miséria e a falta de oportunidades que praticamente nos impede de sonhar. Existe a influência que praticamente nos impede de crescer por nossos conhecimentos. Existe a desonestidade, a escassez de virtudes e a falta de escrúpulos que praticamente nos torna imundos e podres. Contraditório hein! Somos praticamente uma sociedade. Praticamente! Não passamos disso. Nós somos crentes, fieis, livres, solidários, honestos, virtuosos, humanos... Somos leais, sinceros, amigos, conselheiros, confidentes, bonitos, engajados, guerreiros e batalhadores. Somos e podemos ser muito. Tudo o que quisermos, pra falar a verdade! Mas aonde a verdade vai reinar, se vivemos praticamente em sociedade? O praticamente é um ponto inacabado. É um caminho sem fim. É um esforço que se cansou com a primeira gota de suor. É o mundo que vivemos hoje.
Bom, essa é minha resposta. E a sua?